sexta-feira, 18 de março de 2011

Bem vindo ao futuro: transite se for capaz!

7 milhões de veículos. Eis a nova cifra da metrópole de São Paulo dentro de poucas semanas, de acordo com dados do Detran-SP. Viva, o progresso chegou! As montadoras estão felizes da vida, batendo recordes de venda. A economia, pujante e crescente. Os consumidores, realizados.

Mas a cidade trava cada vez mais. O recorde desse ano, até o momento, foi de 143 km dos 868 km monitorados pela CET. Em 2010, as filas chegaram a 221 km, e a marca histórica da cidade é de 293 km.

De fato, a impressão que se tem é que a coisa piora dia após dia. Ruas antes tranqüilas agora amanhecem intransitáveis.

Quais as conseqüências para o meio ambiente e para a qualidade de vida das pessoas? O uso que se faz dos automóveis é racional?

Uma extensa lista de estudos científicos apresenta relação entre a poluição das cidades, em grande parte gerada por motorizados, e doenças cardiorespiratórias. Um deles, recentemente publicado pela universidade belga Hasselt University, mostra que para quem tem predisposição genética, a exposição à poluição pode causar um infarto em poucas horas. Ou seja, respirar nas cidades grandes é arriscado.

Sem dúvidas, o sistema de transporte público ainda deixa a desejar. Mas há uma certa comodidade que parece imperar entre os indivíduos quando se fala em usar menos o carro, por exemplo. Vejam bem, USAR MENOS. Pelo menos aqui, ninguém está falando – AINDA – em não usar, mas sim em fazer uso consciente, menos vezes por semana, dando carona a amigos, andando trechos menores, enfim.

A moto talvez nem tanto, mas o carro é o símbolo máximo do individualismo na sociedade de consumo. A capital paulistana tem um índice de veículos por habitante maior do que Japão, Estados Unidos e Itália.

O irônico é que uma metrópole como São Paulo é movida a pressa. Afinal, tempo é dinheiro. Mas então, por que há tanta lentidão no ato de se locomover? Quanto isso representa de perda de produtividade?

Chega a ser triste ver tanta gente comemorando esses números como se significassem um avanço. Enquanto há iniciativas diversas no mundo visando incentivar o uso de transportes alternativos, o Brasil segue inserido dentro de um paradigma ultrapassado, que privilegia o transporte privado ao invés do público.

Transite se for capaz...